A pressão arterial é um assunto que merece atenção constante, e as recentes mudanças na Diretriz Europeia de Pressão Arterial Elevada e Hipertensão Arterial trouxeram reflexões importantes, inclusive aqui no Brasil. Essas alterações vêm gerando dúvidas, especialmente quando nos deparamos com novos valores que redefinem o que é considerado pressão elevada, o que pode confundir tanto a população quanto os próprios profissionais de saúde.
Se antes acreditávamos que estávamos “seguros” com certos níveis de pressão, agora é tempo de repensar. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), os valores para o diagnóstico de hipertensão arterial permanecem os mesmos: maiores ou iguais a 140/90 mmHg, alinhados às diretrizes publicadas em 2021. Contudo, a novidade europeia está na redefinição da pressão elevada, que abrange valores entre 120/70 mmHg e 140/90 mmHg. Essa mudança busca reforçar que a hipertensão é uma condição progressiva e que o risco cardiovascular começa a aumentar a partir de níveis mais baixos do que imaginávamos.
É como se um alarme silencioso fosse ativado no corpo, muitas vezes imperceptível, mas sempre exigindo atenção. Estudos de mais de 20 anos já apontam que valores de pressão arterial superiores a 115/75 mmHg representam um aumento progressivo no risco cardiovascular. A cada incremento de 20 mmHg na pressão sistólica ou 10 mmHg na diastólica, o perigo aumenta. Esse cenário nos alerta para a importância de monitorar de perto, adotar hábitos saudáveis e não subestimar nem mesmo os menores desvios.
No Brasil, classificamos esses casos como “pré-hipertensão”, um termo que já carrega a ideia de continuidade do problema, mas que facilita a compreensão dos pacientes. Ainda assim, fica claro que a mensagem por trás dessas mudanças não é alarmismo, mas sim prevenção. Afinal, a hipertensão é uma das maiores causas de complicações cardiovasculares e está diretamente associada a problemas como infarto e AVC.
A SBH, no entanto, destaca pontos críticos na abordagem europeia. A escolha de chamar esses níveis de pressão de “elevada” pode confundir pacientes que sempre associaram o termo “pressão alta” à hipertensão propriamente dita. Além disso, a definição de pressão elevada com diastólica a partir de 70 mmHg levanta questionamentos, pois não há evidências robustas que justifiquem esse limite.
Enquanto aguardamos as próximas diretrizes brasileiras, programadas para 2025, seguimos com as recomendações de 2021. Mas não podemos ignorar que a hipertensão é mal controlada em nosso país. Apenas 30% dos hipertensos conseguem manter sua pressão em níveis adequados. Isso é preocupante, considerando que o controle eficaz da pressão arterial salva vidas e melhora significativamente a qualidade de vida.
Por isso, o momento exige ação. Mudanças simples nos hábitos podem fazer uma enorme diferença: reduzir o consumo de sódio, adotar uma rotina de atividade física, controlar o peso e aprender a gerenciar o estresse. Além disso, é fundamental que os pacientes sigam corretamente os tratamentos medicamentosos prescritos. Adesão ao tratamento é uma palavra-chave aqui; sem ela, as melhores estratégias podem ser em vão.
Não se trata apenas de números ou gráficos de estudos médicos. É sobre a sua saúde, sua vida e o impacto que essas escolhas têm no seu futuro. Cuidar da pressão arterial não é algo que pode ser adiado. Cada pequena mudança que você faz hoje reflete diretamente na sua qualidade de vida amanhã. Mais do que nunca, a mensagem é clara: controlar a pressão arterial é uma prioridade.
Imagine um futuro em que complicações como infartos, AVCs e insuficiência cardíaca sejam reduzidos ao mínimo porque todos entenderam a importância de cuidar da saúde cardiovascular. Esse futuro começa com cada um de nós, com cada visita ao médico, com cada decisão consciente na hora de escolher o que comemos ou como lidamos com o estresse diário.
Portanto, não ignore os sinais. A prevenção é sempre o melhor remédio, e cuidar da pressão arterial é um compromisso com a vida. Que tal começar hoje?
Com informações da Sociedade Brasileira de Hipertensão