Você já parou para imaginar, por um momento, o impacto que uma simples doação de sangue pode ter na vida de alguém. Segundo um artigo publicado em 24/06/2023, pela Revista Maria Claire, conta a historia da jovem arquiteta de Cascavel, no Paraná, Valéria Gurski, de 35 anos, que vive com a talassemia major, uma doença rara e hereditária que exige transfusões de sangue regulares para que ela consiga sobreviver. A cada três semanas, ela se dedica um dia inteiro ao hospital, das 9h às 17h, para receber três bolsas de sangue que, literalmente, a mantêm viva. Sem elas, Valéria não poderia viver da forma que conhece. E o que ela tem a compartilhar sobre sua experiência pode transformar não apenas sua vida, mas a de muitos outros.
Talvez você ainda não tenha refletido sobre a importância das doações de sangue, mas neste momento, alguém pode estar dependendo diretamente disso para sobreviver. E esse é o ponto crucial. O Brasil, como muitos outros países, enfrenta uma escassez significativa de doadores, o que torna a doação de sangue ainda mais valiosa. A campanha Junho Vermelho, que acontece anualmente, tem como objetivo exatamente isso: aumentar a conscientização sobre a doação de sangue e garantir que os hemocentros do país mantenham seus estoques. Cada doação pode salvar até quatro vidas. E você, que está lendo essas palavras, pode ser a pessoa que muda o destino de alguém.
Valéria, desde o primeiro ano de vida, teve que enfrentar um desafio constante. Sua doença foi identificada ainda na infância, quando os médicos notaram uma anemia severa, que foi diagnosticada como talassemia major, uma versão mais grave da doença. Como se não bastasse o impacto emocional de um diagnóstico tão severo, a família de Valéria teve que lidar com a complexidade de entender a doença, que na época era pouco conhecida. “Quando eu era criança, a mãe de um coleguinha perguntou se era contagioso”, relembra Valéria, que naquela época não sabia o que dizer para explicar algo que nem ela mesma compreendia completamente. A falta de conhecimento sobre doenças genéticas como a talassemia é um obstáculo para o tratamento adequado e para a aceitação social dos pacientes.
E por que estamos falando de Valéria agora? Porque a sua luta e resiliência são um reflexo de um problema muito maior: a falta de cultura de doação de sangue no Brasil. Muitos não sabem, mas a talassemia major exige transfusões regulares ao longo da vida. E, em muitos casos, como o de Valéria, essas transfusões não podem ser feitas por qualquer doador. A paciente necessita de sangue com características específicas que combinem não apenas com seu tipo sanguíneo, mas com o seu perfil imunológico. Esse nível de compatibilidade exige um cuidado muito maior na hora da doação.
Valéria, com o apoio de um grupo de mais de 100 doadores fixos, chamado de padrinhos e madrinhas de sangue, tem conseguido manter sua saúde relativamente estável. Porém, ela sabe que a escassez de doadores é um desafio real e constante. Por isso, ela se dedica a fazer campanhas de conscientização, utilizando suas redes sociais como um canal para divulgar a importância de doar sangue, convidando amigos e conhecidos a se engajar nessa causa vital. “É um trabalho de formiguinha”, diz ela, ciente de que cada pequena ação de sensibilização pode ter um grande impacto.
A história de Valéria nos leva a refletir sobre a realidade das pessoas com doenças crônicas como a talassemia e o quanto elas dependem de cuidados contínuos para garantir sua qualidade de vida. A talassemia é uma doença hereditária que afeta a produção de hemoglobina e, quando não tratada corretamente, pode causar sérios danos à saúde. Existem dois tipos principais de talassemia: a alfa e a beta, com as formas mais graves sendo a intermediária e a major, como a que Valéria possui. A talassemia major se manifesta logo nos primeiros meses de vida, com sintomas como palidez, icterícia e aumento do baço. Para pacientes com essa forma da doença, a transfusão de sangue é necessária ao longo de toda a vida, além de um tratamento específico para remover o excesso de ferro do organismo.
Apesar da gravidade da condição, Valéria nunca deixou que a doença a limitasse. Ela encara as transfusões como um momento necessário de descanso, uma pausa na sua rotina agitada para “recarregar as energias”, como ela mesma descreve. E é exatamente essa atitude positiva que faz dela uma defensora ativa da doação de sangue. Ao longo de sua jornada, ela percebeu que a maior dificuldade não é viver com a doença, mas sim a falta de doadores dispostos a ajudar pessoas como ela.
E o que isso tudo tem a ver com você? Talvez você ainda não tenha se dado conta, mas a sua contribuição, mesmo que seja apenas uma vez, pode fazer toda a diferença na vida de pessoas como Valéria. Não importa se você pode doar sangue diretamente ou se você é uma pessoa que, por algum motivo, não pode se engajar no processo. Sua voz tem poder. Se você compartilhar essa causa com seus amigos, familiares e colegas, você estará ajudando a criar uma rede de apoio que pode salvar vidas.
A talassemia, embora rara, não é uma doença isolada. Existem milhares de brasileiros vivendo com condições semelhantes, precisando de transfusões regulares e tratamentos contínuos para sobreviver. A adesão ao tratamento, como destacou a médica hematologista Sandra Regina Loggetto, é essencial. “Se a pessoa não seguir o protocolo corretamente, ela vai ter complicações”, alerta ela, referindo-se às graves consequências que podem surgir, como insuficiência cardíaca, doenças hepáticas e problemas hormonais.
Por isso, as campanhas como a Junho Vermelho são fundamentais. Elas não apenas incentivam a doação de sangue, mas também educam a população sobre doenças pouco conhecidas e a importância de se engajar na causa. Em muitos casos, a diferença entre a vida e a morte pode ser apenas uma transfusão de sangue. E cada doação pode ser a chance de uma nova vida para alguém como Valéria.
Como sociedade, precisamos entender que o problema não é apenas a escassez de doadores, mas a falta de uma verdadeira cultura de solidariedade e cuidado com o outro. Isso não é apenas uma questão de saúde pública, mas de compaixão e empatia. Você pode fazer parte dessa mudança. E, quem sabe, ao doar sangue ou ao ajudar a disseminar essa causa, você será a razão de um sorriso no rosto de alguém que depende de sua generosidade para continuar vivendo.
Com informações Revista Maria Claire