
Imagine que, de repente, você começa a sentir aquelas cólicas que, normalmente, seriam atribuídas à sua menstruação, mas… e a menstruação não chega? O que está acontecendo? Por que você está sentindo essa dor no abdômen, sem uma explicação óbvia? Essa é uma dúvida muito comum, especialmente entre as mulheres que estão acostumadas a associar cólicas menstruais àquele momento do mês. A sensação de cólica pode ser desconfortante e preocupante, mas o que muitos não sabem é que essa dor não está necessariamente ligada ao ciclo menstrual.
Quando o desconforto começa, a primeira reação é pensar em cistos ovarianos, alterações hormonais, ou até a própria menstruação que pode estar por vir. No entanto, o quadro é mais complexo do que parece. Cólica sem menstruação pode ser um sinal de uma série de condições que vão além da simples ausência da menstruação. E, ao contrário do que se imagina, essa dor não deve ser ignorada.
A cólica abdominal pode ser um sintoma de doenças tão diversas quanto a endometriose, a síndrome do intestino irritável (DII), problemas ginecológicos, até mesmo questões mais graves como câncer de ovário. Para um diagnóstico correto, é essencial prestar atenção nos detalhes que o seu corpo está te oferecendo. Embora seja normal que algumas mulheres sintam cólicas leves durante a ovulação, em casos mais graves, a dor pode ser um sintoma de algo mais sério e requer atenção médica. Vamos explorar um pouco mais sobre o que pode estar acontecendo quando as cólicas surgem sem a menstruação.
Um dos principais fatores que podem levar a cólicas fora do ciclo menstrual é a síndrome do intestino irritável (SII) ou a Doença Inflamatória Intestinal (DII). Ambas as condições provocam inflamação no trato digestivo, podendo causar dores abdominais que se assemelham muito às cólicas menstruais. No caso da SII, o quadro se agrava com a constipação, diarreia e alterações nas evacuações. Já na DII, as dores podem vir acompanhadas de febre e perda de peso. Ambas as condições podem ser confundidas com cólicas menstruais, especialmente porque o trato gastrointestinal e o sistema reprodutor feminino estão fisicamente muito próximos.
Em outras situações, como cistos ovarianos, a dor pode surgir de maneira súbita e inesperada. Se o cisto se romper, as cólicas podem ser tão fortes e intensas quanto as de uma menstruação, mas com a diferença de que a menstruação não aparece. Nesse caso, a dor pode ser localizada e muitas vezes acompanhada de outros sintomas como náuseas, dores nas costas e até um leve sangramento. Por isso, é fundamental estar atenta a esses sinais e procurar a orientação de um profissional de saúde para um diagnóstico preciso.
Outro ponto importante a ser observado é o momento da dor. Se a dor ocorre no meio do ciclo menstrual, entre 10 a 14 dias antes da menstruação, pode ser um sinal de ovulação. O que muitos desconhecem é que, durante esse período, o processo de liberação do óvulo pode gerar cólicas leves, um quadro conhecido como “mittelschmerz”. Normalmente, essa dor não é grave, mas se você sentir algo mais intenso ou recorrente, é fundamental observar o seu corpo com mais cuidado e buscar orientação médica.
E o que dizer sobre a gravidez? Sim, a cólica pode ser um sinal de uma gravidez inicial. A dor associada à implantação do embrião no útero pode ser confundida com as cólicas menstruais, especialmente se ocorrer no início da gestação, cerca de quatro semanas após a concepção. Embora o desconforto não seja necessariamente um problema, é sempre importante fazer um teste de gravidez caso haja suspeitas.
No entanto, não se engane: se as cólicas persistirem ou se intensificarem, especialmente se forem seguidas de sintomas como febre, dor intensa, sangramentos anormais ou dor nas costas, é essencial procurar um médico imediatamente. Há condições mais graves, como a gravidez ectópica, que pode se manifestar de forma semelhante, mas é uma emergência médica. Nesse tipo de gravidez, o embrião se implanta fora do útero, geralmente nas trompas de falópio, e a dor pode ser bastante forte e localizada, frequentemente no lado esquerdo ou direito do abdômen, dependendo da trompa afetada.
Ainda mais preocupante, existem doenças que, em estágios iniciais, podem ser assintomáticas, mas que podem se manifestar por meio de cólicas contínuas ou intermitentes. O câncer de ovário é um exemplo disso. Embora a dor abdominal associada ao câncer de ovário seja, muitas vezes, vaga e difícil de identificar, se ela persistir por mais de duas semanas, associada a inchaço abdominal, alterações no apetite ou cansaço excessivo, a consulta com um médico é imprescindível. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e no prognóstico da doença.
Outro aspecto que não pode ser ignorado são as condições relacionadas ao útero, como a endometriose e a doença inflamatória pélvica (DIP). Ambas afetam as estruturas do sistema reprodutor feminino e podem causar dores pélvicas contínuas, que não estão necessariamente associadas ao ciclo menstrual. A endometriose, por exemplo, é caracterizada pelo crescimento de células endometriais fora do útero, o que pode provocar inflamações e dores constantes. A DIP, por sua vez, é uma infecção que afeta as trompas de falópio, os ovários e o útero, e que pode ser desencadeada por infecções sexualmente transmissíveis. Em ambos os casos, as cólicas podem ser debilitantes e precisam ser tratadas de forma adequada.
Se você estiver lidando com cólicas recorrentes e não souber a causa, considere a possibilidade de disfunção do assoalho pélvico. Espasmos nos músculos que sustentam o útero, a bexiga e o reto podem levar a dores intensas, e muitas vezes são resultado de traumas físicos, como o parto ou até mesmo um acidente. O tratamento dessa condição pode ser complexo, mas o acompanhamento médico é fundamental para aliviar os sintomas.
E não podemos esquecer das condições relacionadas à bexiga, como a cistite intersticial, que causa dor pélvica e sensação de urgência para urinar, podendo ser confundida com cólicas menstruais. É importante lembrar que o diagnóstico dessas condições deve ser feito por um profissional, que poderá avaliar os sintomas e realizar os exames necessários.
Portanto, se você está sentindo cólicas, mas não está menstruando, é importante que observe os outros sintomas que podem acompanhá-las. Não ignore as mensagens que seu corpo está enviando. Embora muitas vezes as cólicas possam ser inofensivas e temporárias, há condições mais graves que exigem atenção médica imediata.
A consulta com um médico não deve ser uma opção, mas sim uma prioridade. Não deixe para depois a busca por um diagnóstico preciso. Afinal, a saúde do seu corpo é fundamental, e só um profissional capacitado poderá garantir que você tenha o cuidado necessário para se sentir bem e tranquila novamente.
Neste momento, você tem o controle sobre o que acontece com o seu corpo. Ao prestar atenção nos sinais e buscar a orientação correta, você pode evitar complicações e garantir que sua saúde seja preservada. Não deixe que as cólicas sem menstruação sejam motivo de preocupação sem ação. Consulte seu médico, cuide-se e esteja atenta ao que seu corpo quer te contar. A prevenção e o diagnóstico precoce fazem toda a diferença.
Com informações WebMD