Lipedema: A doença silenciosa que não é obesidade e afeta milhões de mulheres no Brasil

A saúde das mulheres no Brasil tem enfrentado um verdadeiro tabu, e um dos maiores desafios da medicina moderna é

A saúde das mulheres no Brasil tem enfrentado um verdadeiro tabu, e um dos maiores desafios da medicina moderna é a ignorância coletiva sobre doenças que, embora afetem milhões, ainda são amplamente desconhecidas. Entre essas condições, o lipedema surge como uma das mais dolorosas e prejudiciais, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Compreender a profundidade dessa doença pode ser o primeiro passo para enfrentar o estigma e, acima de tudo, buscar o tratamento adequado. Vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre essa doença, que atinge cerca de 5 milhões de brasileiras.

O que é o lipedema e por que ele está sendo ignorado?

O lipedema é uma condição crônica e debilitante que afeta, predominantemente, mulheres adultas. Caracteriza-se pelo acúmulo desproporcional de gordura, especialmente nos membros inferiores, como pernas e quadris. Mas o que a torna uma condição única, e muitas vezes mal compreendida, é a gordura do lipedema. Essa gordura não é como a gordura comum do corpo humano. Ela é dolorosa, sensível ao toque e causa hematomas espontâneos. Além disso, não responde aos métodos tradicionais de emagrecimento, como dieta e exercícios físicos. É uma doença que vai além da estética, impactando diretamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.

O lipedema não é uma doença recente. Sua primeira descrição remonta a 1940 nos Estados Unidos, mas ainda é amplamente desconhecida – até por muitos profissionais da saúde. A falta de conscientização sobre o lipedema é alarmante, o que resulta em diagnósticos tardios e, muitas vezes, errôneos, com a condição sendo confundida com obesidade ou celulite. Isso aumenta o sofrimento das pacientes, que passam a acreditar que a falta de resultados com tratamentos convencionais é uma falha pessoal, e não uma característica da doença.

As causas do lipedema: A influência genética e hormonal

As origens do lipedema ainda são pouco compreendidas, mas já se sabe que ele está profundamente ligado à genética. Cerca de dois terços das mulheres afetadas têm histórico familiar de lipedema, o que sugere uma forte componente hereditária. Além disso, os hormônios femininos, como o estrogênio e a progesterona, desempenham um papel crucial no desenvolvimento da doença. Por isso, a grande maioria das mulheres que sofrem com o lipedema começa a apresentar os primeiros sinais durante a adolescência ou em momentos de alterações hormonais, como a gravidez ou a menopausa.

Mas, não se engane, o lipedema vai além do aspecto físico. Embora as mulheres que enfrentam a doença frequentemente vejam suas pernas se tornarem desproporcionais e dolorosas, o impacto psicológico pode ser devastador. A dificuldade em perder peso, mesmo com dietas rigorosas e exercícios, provoca frustração e uma sensação de impotência. Muitos casos de transtornos emocionais e de imagem corporal surgem como resultado direto dessa luta constante contra o próprio corpo.

Diagnóstico tardio: O problema que ainda atrapalha o tratamento

A grande barreira para o tratamento do lipedema é a dificuldade no diagnóstico. Não há exames específicos para detectar a doença, o que torna o diagnóstico precoce um grande desafio. O que frequentemente ocorre é que o lipedema é confundido com obesidade ou celulite, e o tratamento convencional acaba sendo iniciado sem sucesso. Um diagnóstico correto requer uma avaliação detalhada de um especialista qualificado, que levará em consideração o histórico familiar da paciente, a evolução da condição e realizará exames físicos minuciosos, como a verificação de nódulos, sensibilidade exagerada e perda da elasticidade do tecido adiposo.

Infelizmente, devido à falta de protocolos estabelecidos e ao conhecimento limitado de muitos médicos sobre o lipedema, muitas mulheres acabam tendo que enfrentar anos de sofrimento e incerteza antes de finalmente receberem um diagnóstico adequado. Isso, por sua vez, adia o início de um tratamento eficaz.

O impacto emocional: Muito além da aparência

Quando falamos de lipedema, precisamos falar também do impacto emocional que essa doença tem sobre as mulheres. Não é apenas o desconforto físico causado pela dor e inchaço que afeta quem sofre com a condição, mas também a frustração de não conseguir resultados com dietas e exercícios. Esse ciclo interminável de tentativas frustradas pode afetar profundamente a autoestima da paciente, levando-a a um quadro de depressão e ansiedade.

Imagine a sensação de tentar, incansavelmente, perder peso, de ver seus amigos e familiares emagrecendo e, ainda assim, ver suas pernas inchando mais e mais. O distúrbio de imagem corporal causado pelo lipedema é real e pode ter sérias consequências para a saúde mental das pacientes. Muitas mulheres que enfrentam essa doença vivem uma constante batalha emocional, em busca de aceitação e compreensão, mas encontram portas fechadas.

O tratamento: Como controlar e tratar o lipedema

Após o diagnóstico, o tratamento do lipedema envolve uma abordagem multidisciplinar, o que significa que uma equipe de especialistas se unirá para ajudar no controle da doença. Endocrinologistas, ginecologistas, nutricionistas, cirurgiões vasculares, cirurgiões plásticos, fisioterapeutas, psicólogos e psiquiatras podem ser necessários para tratar não apenas os sintomas físicos, mas também os emocionais.

Um dos maiores desafios do tratamento é o controle de peso. Embora o lipedema não seja causado por obesidade, o excesso de peso pode piorar a condição. Por isso, a recomendação é evitar o ganho de peso adicional. Além disso, exercícios de baixo impacto, como caminhadas, natação e hidroginástica, são extremamente benéficos. Essas atividades ajudam a melhorar a circulação, reduzir o inchaço e aliviar o desconforto nas pernas. É importante que a paciente conte com o auxílio de um profissional de educação física para garantir que os exercícios sejam realizados de forma correta e eficaz.

A fisioterapia desempenha um papel fundamental no tratamento do lipedema. Técnicas como drenagem linfática, enfaixamento compressivo, e o uso de meias de compressão podem ser essenciais para melhorar a circulação linfática e o retorno do sangue ao coração. As terapias de ondas de choque também têm mostrado resultados promissores, favorecendo a circulação e ajudando a quebrar as fibroses formadas pela gordura.

Dieta: O que comer para combater o lipedema

A alimentação é outro pilar importante no tratamento do lipedema. Dietas convencionais de perda de peso não são suficientes, já que o lipedema não responde da mesma forma que a gordura comum. Uma dieta mediterrânea, rica em alimentos frescos, azeite, frutas, legumes, cereais e gorduras saudáveis, pode ajudar a controlar a inflamação e promover a saúde geral.

A ingestão de antioxidantes e anti-inflamatórios pode ajudar a aliviar alguns dos sintomas do lipedema, como a dor e o inchaço. Mas, lembre-se, a alimentação deve ser adaptada às necessidades individuais da paciente, por isso é importante consultar um nutricionista especializado.

Quando o lipedema chega ao estágio avançado: A cirurgia como último recurso

Nos casos mais graves, quando o lipedema já causa limitações significativas na mobilidade e afeta a qualidade de vida de forma profunda, a cirurgia pode ser necessária. O procedimento mais eficaz é a lipossucção, que remove as células de gordura doentes, podendo reduzir o volume das pernas em até 40%.

Essa cirurgia, embora eficaz, é invasiva e deve ser considerada apenas quando outras opções de tratamento não tiverem surtido efeito. A recuperação pode ser longa, e o acompanhamento pós-cirúrgico é crucial para garantir resultados duradouros.

O que esperar do futuro?

O lipedema é uma doença que ainda enfrenta muitos desafios, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Mas a boa notícia é que, com o avanço da medicina e o aumento da conscientização, as mulheres que sofrem com essa condição agora têm mais opções de tratamento e apoio emocional. O caminho para a cura não é fácil, mas com diagnóstico precoce, tratamento adequado e apoio psicológico, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida e, principalmente, recuperar a autoestima.

Agora, imagine como seria sua vida se você pudesse finalmente entender o que está acontecendo com seu corpo e encontrar o tratamento adequado. Você está pronta para dar o primeiro passo rumo à mudança?

Com informações Hospital Israelita Albert Einstein

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