Você sabia que a deficiência de vitamina D não é algo tão raro assim, mesmo no Brasil, um país com tanto sol? A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de atualizar suas diretrizes, recomendando a suplementação de vitamina D para todas as crianças e adolescentes até os 18 anos. Se você tem filhos ou conhece alguém que tem, é fundamental entender como essa mudança pode impactar a saúde deles e como você pode agir para prevenir problemas sérios, como raquitismo, doenças respiratórias e complicações ósseas.
A nova diretriz foi publicada depois de oito anos sem atualizações e veio a público em novembro de 2023. Agora, mais do que nunca, é essencial ter atenção à saúde dos seus filhos, pois a falta de vitamina D pode trazer consequências a longo prazo. A vitamina D é um nutriente crucial para o funcionamento do corpo humano, especialmente para a saúde óssea e o sistema imunológico, e a carência dessa substância pode resultar em sérios problemas de saúde. No caso de crianças e adolescentes, isso pode incluir desde ossos fracos e deformidades até complicações mais graves, como infecções respiratórias recorrentes e outras doenças mais sérias.
A vitamina D é produzida pelo corpo quando nossa pele é exposta ao sol, mas sabemos que, hoje em dia, muitas crianças e adolescentes não têm a exposição solar necessária. Eles passam mais tempo dentro de casa, jogando videogame ou nas escolas e shoppings, longe da luz do sol. Por isso, muitos estão desenvolvendo deficiência desse nutriente sem perceberem, e os danos só aparecem depois. E não é só a falta de exposição ao sol que está por trás desse problema. Nossa dieta também não ajuda, já que alimentos ricos em vitamina D, como peixes de águas frias, óleo de fígado de bacalhau e fígado de boi, não fazem parte da alimentação de muitos brasileiros.
A Sociedade Brasileira de Pediatria, em suas novas diretrizes, orienta que a suplementação seja feita para todas as crianças acima de 1 ano e para os adolescentes, com a dosagem de 600 UI por dia. Para bebês, a recomendação é de 400 UI diárias. Isso é uma medida preventiva para garantir que os pequenos possam crescer com ossos saudáveis e evitar complicações no futuro. Mesmo assim, é importante lembrar que toda suplementação deve ser feita sob orientação médica. Apenas um pediatra pode avaliar a necessidade real e indicar a dose correta, já que o excesso de vitamina D também pode ser prejudicial à saúde.
De fato, essa mudança nas diretrizes da SBP surge após um estudo realizado pela Sociedade Americana de Endocrinologia que evidenciou a importância da vitamina D para o crescimento e o desenvolvimento das crianças e adolescentes. A pesquisa identificou 14 pontos clínicos relevantes que reforçam a importância da suplementação para esse público, principalmente para aqueles que não têm uma exposição adequada à luz solar ou não têm uma dieta balanceada.
Embora o Brasil seja um país conhecido pela abundância de sol, a realidade é que muitos brasileiros, inclusive crianças, sofrem com a deficiência de vitamina D. Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que 12,5% das crianças e adolescentes avaliados entre 2014 e 2018 estavam com níveis insuficientes de vitamina D. Esse dado é alarmante e reforça a necessidade de atenção à questão, principalmente nos meses de inverno, quando a incidência de raios solares diminui, e o risco de deficiência aumenta, principalmente no Sul do Brasil, onde 36% das crianças apresentaram deficiência de vitamina D.
No entanto, a recomendação da SBP não é para que todos façam exames de dosagem de vitamina D. Isso porque, além da questão geográfica, outros fatores também influenciam nos níveis de vitamina D, como a cor da pele, a alimentação e a quantidade de gordura corporal. Ou seja, a suplementação não deve ser indicada de forma generalizada, mas sim após a avaliação cuidadosa do pediatra. Se seu filho é ativo e passa tempo ao ar livre, por exemplo, ele provavelmente não precisará de suplementação, já que a exposição solar suficiente pode garantir os níveis adequados de vitamina D.
Mas, e se seu filho não pratica atividades ao ar livre, ou se sua alimentação não é rica nos alimentos que naturalmente possuem vitamina D? Nesses casos, a suplementação pode ser a melhor solução para garantir que ele tenha níveis adequados da substância, prevenindo complicações futuras. O pediatra é o único profissional qualificado para avaliar essa necessidade e determinar a dose certa.
Mesmo com a recomendação de suplementação, é importante ter em mente que o excesso de vitamina D também é prejudicial. Por isso, nunca deve-se administrar vitamina D sem a supervisão de um médico. A hipervitaminose D, que ocorre quando o organismo acumula vitamina D em excesso, pode causar sérios problemas, como hipercalcemia, que pode resultar em náuseas, fraqueza muscular, vômitos e até problemas renais. Essa condição pode ser evitada ao seguir as orientações médicas e não ultrapassar a dose recomendada.
Entender essas novas diretrizes e agir com responsabilidade em relação à saúde de seus filhos é fundamental para garantir que eles tenham um desenvolvimento saudável. Não deixe de conversar com o pediatra sobre a suplementação de vitamina D, principalmente se você perceber que seu filho está pouco exposto ao sol ou não está consumindo alimentos ricos nesse nutriente. O acompanhamento médico adequado pode evitar que ele sofra com problemas futuros e garantir que seu desenvolvimento seja o melhor possível.
Em um mundo cada vez mais sedentário e com crianças mais isoladas de atividades ao ar livre, a suplementação de vitamina D se torna uma ferramenta essencial para preservar a saúde delas. Não espere que problemas apareçam para agir. A prevenção é sempre o melhor caminho, e a decisão de cuidar da saúde dos seus filhos está em suas mãos. E lembre-se, cada pequeno passo que você der para garantir que eles tenham as vitaminas e os nutrientes que precisam agora, é um passo em direção a um futuro mais saudável e cheio de qualidade de vida para eles.
Então, se você ainda não conversou com o pediatra sobre a suplementação de vitamina D, esse é o momento. Não deixe que a deficiência desse nutriente comprometa o crescimento saudável e o desenvolvimento físico de seu filho. A saúde dele está nas suas mãos, e garantir uma vida saudável para ele é uma das responsabilidades mais importantes que você tem como pai ou mãe.
Com informações Estadão
