
Ah, o verão! Aquela época do ano em que o sol brilha forte, as crianças estão de férias, e todo mundo parece estar se divertindo – menos você. Se já se sentiu assim, saiba que não está sozinho. A depressão de verão é real, e não, não é frescura sua.
Para começar, vamos esclarecer algo importante: a depressão sazonal não acontece só no inverno. Sim, aquele clichê da pessoa melancólica olhando pela janela em um dia cinzento faz sentido para muita gente. Mas para alguns, é justamente o calor sufocante, a bagunça das férias escolares e a pressão de se divertir que detonam o bem-estar. Imagine só: você liga a TV e só vê propagandas de praia, churrasco e festas. Mas tudo o que quer é se enfiar num quarto escuro com ar-condicionado e um pote de sorvete. Pois é, tem nome para isso, e a medicina explica.
O Transtorno Afetivo Sazonal (TAS) de verão atinge uma pequena parcela da população, mas quem sofre com isso sabe o quanto pode ser debilitante. Os sintomas são clássicos: insônia, falta de apetite, ansiedade, irritabilidade e, claro, aquela sensação de que está todo mundo aproveitando a vida, menos você. A ciência ainda tenta entender por que isso acontece, mas algumas pistas apontam para o excesso de luz solar bagunçando nosso relógio biológico, somado ao calor e à umidade que podem aumentar o desconforto.
Agora, se você acha que depressão de verão é só uma questão biológica, pense de novo. Nossa rotina muda drasticamente. Se você tem filhos, de repente sua casa vira um campo de batalha de brinquedos espalhados, crianças entediadas exigindo entretenimento 24/7 e uma rotina completamente fora de controle. Se eles já são adultos e voltam da faculdade, é aquele festival de caixas, roupas jogadas e discussões sobre quem vai ficar com o carro. Como não surtar?
Outro fator de estresse é o bom e velho problema financeiro. O verão parece ter sido feito para sugar seu dinheiro: tem viagem, acampamento, alimentação fora de casa, eventos sociais e aquela sensação de que, se você não gastar, não está aproveitando direito. E se você está em meio a uma crise econômica, a pressão aumenta ainda mais. É difícil manter o equilíbrio emocional quando o saldo bancário só diminui.
Agora, falemos de outro problema: imagem corporal. A sociedade nos empurra a ideia de que no verão devemos exibir corpos esculturais. Se você já está inseguro(a) com sua aparência, o simples ato de usar um maiô ou bermuda pode virar um pesadelo. O medo do julgamento pode fazer com que se isole ainda mais, contribuindo para o ciclo da depressão. E, sinceramente, isso é injusto. Seu corpo é seu lar, e ele não deveria ser motivo de vergonha. Mas a pressão social é real e pode afetar profundamente sua saúde mental.
Agora que entendemos o problema, o que podemos fazer para aliviar os sintomas da depressão de verão? Primeiro, busque ajuda. Isso é fundamental. Não importa se a sua depressão é sazonal ou não, procurar um terapeuta pode fazer uma diferença enorme. Muitas vezes, acreditamos que a tristeza vai passar sozinha, mas a verdade é que ela pode se agravar se não for tratada.
Outra estratégia é planejar com antecedência. Se você já sabe que o verão costuma ser difícil, faça ajustes para tornar esse período mais suave. Pode ser algo simples como organizar uma rotina mais estruturada para os filhos, planejar um orçamento para evitar estresses financeiros ou até mesmo marcar pequenas pausas para cuidar de si mesmo(a). A previsibilidade pode trazer uma sensação de controle que ajuda a reduzir a ansiedade.
Sono também é essencial. Os dias mais longos podem levar a uma rotina desregulada, e a falta de descanso adequado é um gatilho forte para a depressão. Tente manter um horário regular para dormir e evitar atividades estimulantes antes de deitar. Seu cérebro vai agradecer.
E exercícios? Ah, eles são um clichê por um motivo: funcionam. Mas sabemos que ninguém quer correr ao ar livre em um calor de 40 graus. Por isso, adapte-se: faça caminhadas mais cedo ou mais tarde, procure atividades aquáticas ou inscreva-se em uma academia com ar-condicionado. O importante é movimentar-se, pois a atividade física ajuda a regular neurotransmissores que melhoram o humor.
Agora, um alerta: não caia na armadilha das dietas radicais. Se você quer se sentir melhor com o seu corpo, opte por uma alimentação equilibrada e uma relação mais saudável com a comida. Não adianta cortar tudo e depois cair no efeito rebote, sentindo-se pior ainda.
Ah, e um detalhe: proteja-se do excesso de compromissos. Se você sempre foi o anfitrião oficial do churrascão da família, talvez seja hora de passar essa missão para outra pessoa. Priorize seu bem-estar e aprenda a dizer “não” sem culpa.
Se sua depressão de verão é recorrente, talvez seja interessante entender se existe algum gatilho emocional por trás disso. Pode ser que você associe o verão a um evento triste do passado, e essa conexão emocional acabe reforçando o ciclo de melancolia. Trabalhar isso em terapia pode ser libertador.
E por fim, se você já faz uso de medicação para depressão, converse com seu médico. Pequenos ajustes na dose durante o verão podem ajudar a minimizar os sintomas.
O mais importante é lembrar que você não está sozinho. A pressão para estar feliz o tempo todo é irreal. A tristeza pode bater em qualquer época do ano, e tudo bem. O que importa é encontrar maneiras de atravessar esse período com menos sofrimento e mais autocompaixão. O verão não precisa ser perfeito, ele só precisa ser suportável. E, com os cuidados certos, talvez você até consiga aproveitar um pouco mais do que imaginava.
Com informações WebMD